Nenhum
homem a tinha tocado, mas um menino cresceu no ventre da filha do
chefe.
O
chamaram Mani. Poucos dias depois de nascer, já corria e conversava.
Dos mais remotos rincões da selva, veio gente para conhecer o
prodigioso Mani.
Não
sofreu nenhuma doença, mas ao cumprir um ano disse: “Vou morrer”;
e morreu.
Passou
um tempinho e uma planta jamais vista brotou na sepultura de mani,
que a mãe regava cada manhã. A planta cresceu, floresceu, deu
frutos. Os pássaros que a picavam andavam depois aos trambolhos pelo
ar, batendo asas em espirais loucas e cantando como nunca.
Um
dia a terra se abriu onde Mani jazia.
O
chefe afundou a mão e arrancou uma raiz grande e carnuda. Ralou-a
com uma pedra, fez uma pasta, espremeu-a e no amor do fogo cozinhou
pão para todos.
Chamaram
essa raiz de Mani Oca, “casa de Mani”, e mandioca é seu nome na
bacia amazônica e outros lugares.
Eduardo Galeano, in Os Nascimentos
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