terça-feira, 10 de maio de 2022

A maior preciosidade do universo

Mãe e filho, de George Jakobides

Num certo dia, Nole Ksum, considerado o homem mais rico do mundo, instituiu um concurso. Ou seja: quem apresentasse a ele, com argumentos consistentes, qual a maior preciosidade do mundo, teria direito a 10% (dez por cento) da riqueza dele. O concurso, inclusive, foi registrado em Cartório.
Dada a largada, teve-se, por ordem de postagem, as seguintes tentativas:
O primeiro candidato disse que a coisa mais preciosa do mundo eram as sementes, ou mudas. Sem elas, não se produziriam alimentos, tais como: frutas, hortaliças, legumes, grãos; e, assim, não teria como a humanidade sobreviver.
Porém, o homem mais rico do mundo não se satisfez com essa resposta!
O segundo candidato disse que a coisa mais preciosa do mundo era a água. Sem água não tem como, no período invernoso, se ter produção agrícola; e, sem água, nos rios, nos lagos e açudes, não tem como se fazer irrigação, de frutas, hortaliças, legumes e grãos.
Porém, o homem mais rico do mundo, também não se satisfez com essa resposta!
O terceiro candidato disse que a coisa mais valiosa do mundo era o ar. É nele que se encontram, conjuntamente, vários gases. Sem o ar, não teria como haver plantas, nem como haver animais terrestres e aquáticos, pois as plantas precisam de gás carbônico para realizar um processo que lhes garante vida, processo cujo nome é fotossíntese. Além disso, quase todas as espécies de animais terrestres precisam do oxigênio para poderem respirar. E quase todas as espécies de animais aquáticos precisam, também, do oxigênio para poderem sobreviver.
Porém, mesmo com uma justificativa tão consistente, o homem mais rico do mundo não se satisfez!
O quarto candidato era um jovem franzino, de estatura média, era reflexivo, de cor parda, descendente de negro e índio. Ele só falava quando era necessário. Aí, ele, além de ter digitado a resposta, fez um vídeo, segurando a mão de uma mulher, e com base, nessa cena, o quarto candidato disse:
A coisa, aliás, o ser mais valioso do mundo é a nossa mãe, pois é ela quem gera aqueles e aquelas que produzem sementes, ou mudas; e lhes dá carinho e amor. É ela quem gera aqueles e aquelas que produzem alimentos, e lhes dá afago e afeto. É ela quem gera os que constroem açudes, cacimbões. Gera os que perfuram poços, implantam adutoras. É ela quem gera os que fabricam oxigênio. Fabricam veículos. É ela quem gera os que transportam alimentos, e aqueles e aquelas que zelam pelo ar.
Lida essa resposta, o homem mais rico do mundo se rendeu e, realmente concedeu 10% (dez por cento) de toda a sua riqueza, para o jovem vencedor do concurso. Só que o jovem quis, somente, 1% (um por cento) da riqueza do homem mais rico do mundo e, mesmo assim, disse ainda que só iria receber e investir essa riqueza, depois que sua mãe morresse, pois, para o jovem vencedor do concurso, nada mais valia do que sua mãe! Então, o jovem iria se dedicar, primeiro à sua mãe, que já sofrera muito, para criá-lo e educá-lo. Ele enfatizou que o salário que já ganhava, era suficiente para ele, a mãe e outros familiares viverem, confortavelmente. E ele disse mais: “Eu quero viver dos rendimentos que essa riqueza produzir, pois, do prêmio que eu recebi, eu não quero usufruir diretamente, mas, indiretamente, como consequência de minha capacidade empreendedora”.
Depois, o jovem foi pesquisar e descobriu que a mãe, do homem mais rico do mundo, estava muito doente e hospitalizada, e o superbilionário estava muitíssimo preocupado, porque constatara que: nada, nada, nada valia tanto quanto o carinho, o amor, a atenção, a dedicação e a lealdade de uma mãe. Nem mesmo a máxima riqueza valia tanto. Há quem suspeite que o homem mais rico do mundo, talvez tenha se centrado muito mais em enriquecer do que em conviver em família.
E como se não bastasse, o jovem vencedor do concurso, como crente fervoroso que era, ainda acrescentou: “Mãe, é algo tão relevante, que até Deus, mesmo sendo Onipotente, escolheu uma Mãe para o Seu Filho, para o Seu Filho primogênito e unigênito.

Fausto Magalhães, Especial para o Rapadura Cult

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