De
dentro da geometria
Deus
me olha e me causa terror.
Faz
descer sobra mim o íncubo hemiplégico.
Eu
chamo por minha mãe,
me
escondo atrás da porta,
onde
meu pai pendura sua camisa suja,
bebo
água doce e falo as palavras das rezas.
Mas
há outro modo:
se
vejo que Ele me espreita,
penso
em marca de cigarros,
penso
num homem saindo de madrugada pra adorar o Santíssimo,
penso
em fumo de rolo, em apito, em mulher da roça
com
o balaio de pequi, fruta feita de cheiro e amarelo.
Quando
Ele dá fé, já estou no colo d’Ele,
pego
Sua barba branca,
Ele
joga pra mim a bola do mundo,
eu
jogo pra Ele.
Adélia Prado
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