Através da noite urbana de pedra e seca
o campo entra no meu quarto.
Estende braços verdes com pulseiras de
pássaros,
com fivelas de folhas.
Leva um rio à mão.
O céu do campo também entra,
com o seu cesto de joias acabadas de
cortar.
E o mar senta-se ao meu lado,
estende a sua cauda branquíssima no
solo.
No silêncio brota uma árvore de música.
Na árvore pendem todas as palavras
formosas
que brilham, amadurecem e caem.
Na minha testa, uma caverna onde mora um
relâmpago...
Porém, tudo se povoou com asas.
Diz-me: é deveras o campo que vem de tão
longe,
ou és tu, são os sonhos que sonhas ao
meu lado?
Octavio Paz (tradução de Luís Costa)
Nenhum comentário:
Postar um comentário