quarta-feira, 7 de julho de 2021

História eterna

Ficamos em silêncio, perto do braseiro, até tarde da noite. Sentia de novo como a felicidade é uma coisa simples e frugal: um copo de vinho, castanhas, um fogareiro miserável, o barulho do mar. Nada mais. E para ver que tudo isso é felicidade, basta também um coração simples e frugal.
Quantas vezes você se casou, Zorba? — perguntei.
Estávamos os dois ligeiramente bêbados, não tanto pelo que havíamos bebido, mas por essa grande felicidade que estava em nós.
Não éramos senão dois insetos efêmeros, agarrados à casca terrestre; e nós o sentíamos profundamente, cada um a seu modo.
Havíamos encontrado um lugar cômodo, perto do mar, atrás de folhagens, das cercas e latas vazias, onde estávamos um perto do outro, tendo à frente coisas agradáveis e comidas gostosas e, em nós, serenidade, afeto e segurança.
Zorba não me ouviu. Quem sabe sobre que oceanos, onde a minha voz não o alcançava, estava vagando seu pensamento.
Estendendo o braço toquei-o com as pontas dos dedos:
Quantas vezes você se casou, Zorba? — perguntei mais uma vez.
Sobressaltou-se. Dessa vez havia escutado e, agitando sua manopla:
Oh! — respondeu, — que assunto você foi buscar! Afinal, sou homem. Eu também cometi a grande besteira. É assim que eu chamo o casamento. Que os casados me perdoem. Cometi, pois, a grande besteira; casei-me.
Bem, mas quantas vezes?
Zorba coçou nervosamente o pescoço. Pensou um instante.
Quantas vezes? — disse enfim. — honestamente, uma vez só, uma vez para sempre. Mais ou menos honestamente, duas vezes.
Desonestamente, mil, duas mil, três mil vezes. Como se pode calcular?
Conta um pouco, Zorba. Amanhã é domingo, nós nos barbearemos, vestiremos boas roupas e iremos à casa da mãe Bubulina. Não temos nada que fazer, por isso podemos ficar acordados até tarde. Conta!
Contar o que? Isso não são coisas que se conte, patrão! As uniões legais, estas não tem gosto; são pratos sem pimenta. Contar o que? Que não há prazer algum em se beijar quando os ícones estão olhando para você e dando bênçãos. Na minha aldeia nós dizemos:
Só a carne roubada tem gosto.” Sua mulher não é carne roubada.
Agora, as uniões desonestas, como lembrar? Você acha que os galos fazem contas? Pois sim! Entretanto, quando eu era jovem, tinha a mania de guardar uma mecha dos cabelos de todas as mulheres com quem dormia. Trazia sempre comigo, então, uma tesoura. Mesmo quando eu ia à igreja levava a tesoura no bolso! Somos homens, não é? Nunca se sabe o que pode acontecer!... Eu fazia coleção de mechas de cabelos: tinha-as negras, louras, castanhas, algumas até grisalhas. Tantas eu juntei que deu para fazer um travesseiro; sim, um travesseiro com o qual eu dormia — mas, só no inverno, no verão ele me escaldava. Depois, aborreci-me; começava a ficar podre, então queimei-o.
Zorba se pôs a rir:
Era esse o meu livro de contas, patrão — disse ele. — e pegou fogo. Aí eu me cansei. Achei que as contas não seriam muitas, mas vi que elas não tinham fim, e então joguei fora a tesoura.
E as uniões mais ou menos honestas, Zorba?
Ah! Essas tiveram o seu encanto — respondeu ele. — ah! As mulheres eslavas! Que liberdade! Nada de: “Onde foi você? Por que se atrasou? Onde dormiu?” Elas não perguntam nada, e você não pergunta nada a elas. A liberdade, ora!
Estendeu a mão, apanhou seu copo e esvaziou-o; descascou uma castanha. Ia mastigando enquanto falava:
Houve uma, chamada Sofinka, e outra, chamada Nussa.
Conheci Sofinka numa aldeia bastante grande, perto de Novorossisk. Era inverno, havia neve, e eu procurava trabalho numa mina. Passando pela tal aldeia, parei. Era dia de mercado, e de todos os lugares das redondezas mulheres e homens tinham vindo para comprar e vender. Havia fome na região, um frio de lobo, e as pessoas vendiam tudo que tinham, até os ícones, para comprar pão.
Estava dando umas voltas no mercado quando vi uma jovem camponesa saltar de uma carroça, uma lourona de dois metros de altura com olhos azuis como o mar, e uns quadris... Uma potranca!...
Fiquei deslumbrado. “Eh! Pobre Zorba, disse comigo, estás frito!” Ponho-me a segui-la. Eu a olhava e olhava... Não me cansava de fazê-lo! Era de se ver aquele traseiro balançando como sinos de páscoa.
Para que ir procurar minas, pobre amigo?” eu me dizia. Seria tomar o caminho errado, cabeça oca! Lá está a verdadeira mina: meta-se nela e fure as galerias! A jovem pára, regateia, compra um monte de lenha, ergue-o — que braços, meu senhor! — e joga-o na carroça.
Compra um pouco de pão e cinco ou seis peixes defumados. “Quando é isso?” pergunta ela. — “Tanto...” ela tira o brinco para pagar com ele. Não tinha dinheiro, pagava com o brinco. Então, enfureci-me.
Deixar uma mulher dar seus brincos, seus adornos, seus sabonetes perfumados, sua água-de-colônia... Se ela dá tudo isso, o mundo está perdido! É como arrancar as penas de um pavão. Você tinha coragem de tirar as penas de um pavão? Nunca! Não, não! Enquanto Zorba viver, disse comigo, isso não acontecerá. Abri minha carteira e paguei. Era a época em que o rublo tinha se transformado em pedaços de papel. Com cem dracmas, comprava-se um jumento; com dez, uma mulher. Então, paguei. A moça virou-se para mim, olhou-me com o canto do olho. Pegou minha mão para beijá-la. Mas eu a puxei. Será possível que ela me tomasse por um velho? “Spassiba!
Spassiba!” grita-me ela; isso quer dizer: “Obrigado, Obrigado!” e eis que ela pula na carroça, pega as rédeas e levanta o chicote. “Zorba, digo a mim mesmo, toma cuidado meu velho, ela vai fugir bem embaixo do seu nariz.” De um pulo só vou parar na carroça, ao lado dela. Ela não disse nada. Nem se virou para me olhar. Uma chicotada no cavalo e nós partimos. A caminho, ela compreendeu que eu a queria como mulher. Eu embaralhava duas ou três palavras de russo, mas para essas coisas não é preciso falar muito. Nós falávamos com os olhos, com as mãos, com os joelhos. Para encurtar, chegamos numa aldeia e paramos diante de um isbá. Descemos. Com um empurrão de ombro a jovem abre a porta e entramos na sala. Lá está uma velhinha, sentada perto da lareira apagada. Tremia. Estava enrolada em sacos e peles de carneiro, mas tremia. Fazia um frio de cair às unhas, um inferno! Abaixei-me, botei uma lenha na lareira e acendi o fogo. A velhinha me olhou sorrindo. Sua filha lhe havia dito alguma coisa, mas não entendi nada. Acendido o fogo a velha esquentou-se e voltou à vida. Enquanto isso a filha botava a mesa.
Trouxe um pouco de vodka, e nós bebemos. Acendeu o samovar, fez chá, comemos e demos de comer à velha. Depois disso, ela prepara uma cama depressa, arruma-a com lençóis limpos, acende a vela diante do ícone da Santa Virgem e faz três vezes o sinal da cruz.
Depois me chama com um gesto; ficamos de joelhos diante da velha e beijamos suas mãos. Ela pousa suas mãos ossudas sobra nossas cabeças e murmura alguma coisa. É possível que nos estivesse dando sua benção. “Spassiba! Spassiba!” grito eu, e de um pulo vou para a cama com a moça.
Zorba calou-se. Levantou a cabeça e olhou ao longe em direção ao mar.
Ela se chamava Sofinka... — disse ele logo depois, e voltou ao silêncio.
E então? — perguntei impaciente.
Não tem “então”! Que mania a sua, patrão, com esses “então” e “porque”! Essas coisas não se contam! A mulher é como uma fonte fresca; a gente se debruça, vê o rosto refletido na água, e bebe, bebe o quanto quiser. Depois vem outro que tem sede também: ele se debruça vê o rosto e bebe. Depois um outro ainda... A mulher é uma fonte, patrão, eu lhe asseguro.
E depois, você foi embora?
Que queria que eu fizesse? É uma fonte, eu lhe disse, e eu sou o viajante: retomei o caminho. Fiquei três meses com ela. Mas, no fim do terceiro mês lembrei-me que estava em busca de uma mina.
Sofinka, disse-lhe um dia de manhã, eu tenho que trabalhar, devo partir.” — “está bem, disse Sofinka, pode ir. Eu esperarei durante um mês e se você não voltar nesse período eu estarei livre. Você também. Deus seja louvado!” e eu fui embora.
Mas você voltou um mês depois...
Que besteira, patrão, como o devido respeito! — gritou Zorba! — como voltar? Elas não lhe deixam tranquilo, as malvadas. Dez dias depois, no Cuban, encontrei Nussa.
Conta! Conta!
Uma outra vez, patrão. Não se deve misturá-las, coitadas. À saúde de Sofinka.
Tomou seu vinho de um só gole. Depois, encostando-se na parede:
Está bem — disse. — vou contar também a história de Nussa. Essa noite estou com a cabeça cheia de Rússia. Viva! Vamos a isso!
Enxugou os fios do bigode e remexeu as brasas.
Esta então, como dizia, eu conheci numa aldeia do Cuban. Era verão. Montanhas de melancias e melões; eu me abaixava, pegava um e ninguém dizia nada. Cortava-o em dois, metia a cara lá dentro.
Tudo em abundância lá na Rússia, patrão! Tudo sobrando: escolha e leve! E não era só melancia e melões, mas peixes, manteiga e mulheres. Você vai passando vê uma melancia e a leva. Vê uma mulher, pode levar também. Não é como aqui na Grécia, onde você surrupia de alguém um pedacinho de melão e o dono dele lhe arrasta aos tribunais e basta que você encoste o dedo numa mulher e o irmão dela lhe saca uma faca para lhe transformar em carne para encher lingüiça. Bah! Mesquinhos, forretas... Podem ir todos para a forca! Bando de piolhudos! Precisam ir à Rússia para ver o que é ser um grão-senhor! Passava, pois, pelo Cuban, quando vejo uma mulher numa horta. Ela me agradou. Você precisa saber, patrão, que essas eslavas não são como essas greguinhas cúpidas, que vendem amor a conta-gotas, que fazem o impossível para lhe dar menos que o devido e roubar no peso. A eslava, patrão, ela serve o peso certo. No sono, no amor, no comer; ela está muito perto dos animais da terra; ela dá, dá muito, ela não é como essas trapaceiras gregas! Eu perguntei a ela: “Como se chama?” para falar com mulheres, você sabe, eu havia aprendido um pouco de russo. “Nussa, e você?” — Alexis. Você me agrada muito, Nussa.” Ela me olhou com atenção, como a um cavalo que quisesse comprar. “Você também, não tem ar fricoteiro, disse-me ela. Você tem dentes sólidos, grandes bigodes, costas largas, braços fortes. Você me agrada.” Não nos dissemos mais nada, e nem valia a pena. Num instante nos havíamos posto de acordo. Devia ir aquela noite mesmo na casa dela, com minhas roupas de domingo. “Você tem uma peliça forrada?” Perguntou-me Nussa. “Sim, mas com esse calor...” — “não tem importância. Traz também, que dá um ar de rico.” Naquela mesma noite, enfeitou-me como um recém-casado, ponho a peliça no braço, levo também uma bengala com castão de prata que eu tinha, e vou para lá. Era um casarão de camponês, com pátios, vacas, prensas, fogos acessos no pátio e caldeirões sobre os fogos. ”Que ferve aqui?” Pergunto. — “Suco de melancia”. — “e aqui? — “Suco de melão”. Que terra, digo comigo mesmo, ouviste? Suco de melancia e melão; é a terra prometida! À tua, Zorba, caíste bem como um rato dentro de um queijo. Subo a escada, uma enorme escada de madeira que estalava. Na entrada, o pai e a mãe de Nussa.
Usavam uma espécie de largas calças verdes, com cinturões vermelhos cheios de borlas: grandes barretes também. Abrem os braços e me beijam de todo o lado. Fiquei cheio de saliva. Falavam comigo muito depressa, e eu não entendia direito, mas por suas faces vi que não era nada de ruim. Entro na sala, e o que vejo? Mesas postas, cheias de comidas. Todos estavam de pé: parentes, homens e mulheres, e diante deles Nussa, pintada, vestida e com o colo à mostra como uma figura de proa de navio. Deslumbrante de beleza e juventude. Trazia um lenço na cabeça, e sobre seu coração estavam bordados uma foice e um martelo. “Veja Zorba, seu patife, digo-me, é para você essa carne toda? É esse o corpo que essa noite você terá nos braços?”. Atiramo-nos à comida como lobos, as mulheres e os homens. Comíamos como porcos, bebíamos como buracos sem fundo. “E o padre? Perguntei ao pai de Nussa que estava ao meu lado, e não estava longe de estourar de tanto que comera.” Onde está o padre que nos vai dar as bênçãos? — “não tem padre nenhum, respondeu ele arrotando, não tem padre nenhum. A religião é o ópio do povo”. Dito isso, ele se levanta de torso curvado, tira o cinturão vermelho e levanta o braço para que se faça silêncio. Segurava o copo cheio até a borda e me olhava nos olhos. Começou a falar, a falar; me fazia um discurso, veja só! Que dizia ele? Só Deus sabe! Já estava eu cansado de ficar de pé, e depois estava ficando meio bêbado. Sentei-me de novo e colei meu joelho ao de Nussa que estava à minha direita. Ele não acabava de falar, o velho, e suava de todo o lado. Então, os outros se atiravam sobre ele, o abraçam para fazê-lo calar. Nussa me fez um sinal: “vai, fala você também!” levanto-me, e faço um discurso meio em russo, meio em grego.
Que disse eu? Que me enforquem se sei. Só me lembro que, no fim, estava lançando mão de cantigas cléfticas. Comecei, sem rima nem propósito, a berrar:

Cléfticas subiram nas montanhas
Para roubar cavalos!
Cavalos não tinha nenhum.
E então roubaram Nussa!

Você sabe, patrão, eu tinha que introduzir modificações em vista da circunstância.

Eles se vão, eles se vão...
(ouviu, minha mãe, eles se vão!)
Ah, Nussa minha,
Ah, Nussa minha,
Oi!

E ao berrar “Oi”! Atiro-me sobre Nussa e beijo-a. Era o que faltava! Como se eu tivesse dado o sinal que eles esperavam, e era só isso que eles esperavam, uns grandalhões se precipitaram e apagaram as luzes. As sem-vergonhas das mulheres se puseram a esganiçar, fingindo medo. Depois, no escuro, puseram-se a dar gritinhos. Mas estavam adorando e se esbaldando. O que se passou, patrão, só Deus sabe. Mas, eu creio que nem Ele sabe, porque se não tinha-nos assado em um de seus raios. Os homens e mulheres, misturados numa confusão, rolavam pelo chão. Saio procurando Nussa, mas era impossível encontrá-la! Pego uma outra e me arrumo com ela mesmo. De manhã cedinho, levanto-me para partir com minha mulher. Estava ainda escuro, e eu não enxergava bem. Pego um pé, puxo: não era o de Nussa. Pego outro: também não! Um outro: ainda não! Pego um outro, ainda outro e, no fim das contas, depois de um trabalho danado, encontro o de Nussa, puxo-o, tiro de cima dela dois ou três cavalões que a tinham amarfanhado, coitada, e acordo-a: “Nussa, digo-lhe, vamos embora! Não se esqueça da peliça!” ela me responde: “vamos!” e nós partimos.
E então? — perguntei de novo, vendo que Zorba se calava.
Você ainda com os seus “então” — disse Zorba enervado.
Ele suspirou.
Vivi seis meses com ela. Desde esse dia, eu juro, não tenho medo de mais nada. Mais nada de nada! A não ser de uma coisa: que o demônio ou Deus apaguem de minha memória esses seis meses. Compreende?
Zorba fechou os olhos. Parecia muito emocionado. Era a primeira vez que o via tão empolgado por uma lembrança do passado.
Você a amou tanto assim, a essa Nussa? — perguntei um minuto depois.
Zorba abriu os olhos.
Você é jovem, patrão — disse ele. — você é jovem e não pode compreender. Quando tiver cabelos brancos, você também, nós falaremos de novo sobre essa história eterna.
Que história eterna?
A mulher, ora bolas! Quantas vezes preciso repetir. A mulher é uma história eterna. Por enquanto, você é como os galos jovens que cobrem as galinhas num piscar de olhos e depois enchem o peito e vão para cima da lixeira cantar até estourar os miolos. Não é para a galinha que eles olham, é para a própria crista. Então o que podem eles saber sobre o amor? Nada de nada.
Cuspiu no chão com desprezo. Depois voltou o rosto, não queria me olhar.
E então, Zorba? — perguntei ainda. — e Nussa?
Zorba, com o olhar perdido em direção ao mar:
Uma noite, voltando para casa, não a encontrei. Havia fugido com um belo militar que chegara à aldeia uns dias antes. Estava terminado. Fiquei com o coração partido ao meio. Mas ele curou depressa, o danado. Você já viu essas velas remendadas com trapos vermelhos, amarelos, negros, cozidos com linha grossa e que não rasgam mais, nem mesmo na pior tempestade? Meu coração é parecido. Trinta e seis mil furos, trinta e seis mil pedaços: não tem mais medo de nada!
Você não ficou com raiva de Nussa, Zorba?
Por que ficar com raiva dela? Você pode dizer o que quiser, a mulher é outra coisa, não é ser humano. Por que ficar com raiva dela? É uma coisa incompreensível a mulher, e todas as leis do estado e da religião são cegas. Elas não deviam tratar a mulher assim, não. Elas são muito duras, patrão, muito injustas! Se eu fosse fazer as leis, não faria as mesmas para os homens e para as mulheres. Dez, cem, mil artigos para o homem. O homem é o homem, ora, ele pode aguentar. Mas, nem um artigo para a mulher. Porque, quantas vezes terei de repetir isso, patrão? A mulher é uma criatura frágil. À saúde de Nussa, patrão! À saúde das mulheres! E que Deus ponha miolo na nossa cabeça, para nós, homens!
Bebeu, levantou o braço e deixou-o cair bruscamente como se segurasse um machado.
Que ele nos ponha miolo na cabeça — repetiu, ou então que nos faça uma operação. Senão, você pode crer: estamos fritos!

Nikos Kazantzakis, in Zorba, o Grego

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