Quando chegou à idade das três provas,
aquele moço correu e nadou melhor que ninguém e ficou nove dias sem
comer, esticado por tiras de couros, sem mover-se nem queixar-se.
Durante as provas escutava uma voz de mulher que cantava para ele, de
muito longe, e o ajudava a aguentar.
O chefe da comunidade decidiu que devia
casar-se com sua filha, mas ele levantou voo e perdeu-se nos bosques
do rio Paraguai, buscando a cantora.
Por lá anda ainda o João-de-Barro. Bate
forte as asas e proclama alegrias quando crê que vem, voando, a voz
procurada. Esperando a que não chega, construiu uma casa de barro,
com a porta aberta à brisa do norte, em um lugar que está a salvo
dos raios.
Todos o respeitam. Quem mata o
João-de-Barro ou quebra a sua casa, atrai a tormenta.
Eduardo Galeano, in Os Nascimentos
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