quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

O amor requer vigília

[…] e só pensando que nós éramos de terra, e que tudo o que havíamos em nós só germinaria em um com a água que viesse do outro, o suor de um pelo suor de outro; e nesse repouso de terras e tantas águas, alguém baixou com suavidade minhas pálpebras, me levando, desprevenido, a consentir num sono ligeiro, eu que não sabia que o amor requer vigília: não há paz que não tenha um fim, supremo bem, um termo, nem taça que não tenha um fundo de veneno.
Raduan Nassar, in Lavoura Arcaica

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