Eu
escrevi um poema horrível!
É
claro que ele queria dizer alguma coisa...
Mas
o quê?
Estaria
engasgado?
Nas
suas meias-palavras havia no entanto
uma
ternura mansa
como
a que se vê nos olhos de uma criança doente,
uma
precoce, incompreensível gravidade de quem,
sem
ler os jornais,
soubesse
dos sequestros
dos
que morrem sem culpa
dos
que se desviam porque todos os caminhos estão tomados...
Poema,
menininho condenado,
bem
se via que ele não era deste mundo
nem
para este mundo...
Tomado,
então, de um ódio insensato,
esse
ódio que enlouquece os homens ante a insuportável
verdade,
dilacerei-o em mil pedaços.
E
respirei...
Também!
quem mandou ter ele nascido no mundo errado?
Mário
Quintana
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