“Pergunta-me
onde, neste mundo, se pode encontrar a felicidade?”
Depois de
numerosas experiências, convenci-me que ela reside apenas na
satisfação em relação a nós próprios. As paixões não nos
conseguem comunicar esse contentamento; desejamos sempre o
impossível: o que obtemos nunca nos satisfaz. Penso que as pessoas
dotadas de uma sólida virtude devem possuir uma grande porção
dessa satisfação, que me parece imprescindível para a felicidade;
eu, no entanto, como não me sinto suficientemente seguro para me
satisfazer comigo próprio, dessa forma, procuro apoiar-me na
verdadeira satisfação que comunica o trabalho.
Este,
comunica-nos um bem real e aumenta a nossa indiferença em relação
aos prazeres que são só de nome e com os quais as pessoas de
sociedade se têm de contentar.
Eis,
minha querida amiga, a minha modesta filosofia, a qual, sobretudo
quando me encontro bem de saúde, é de efeito seguro. Isto, contudo,
não nos deve afastar das pequenas distrações que nos podem ocupar
de vez em quando: um pequeno caso sentimental, de circunstância, a
visita a um belo país ou as viagens, de modo geral, podem deixar na
nossa memória encantadores traços. Recordamo-nos mais tarde de
todas estas emoções, quando nos encontramos longe ou não
conseguimos encontrar outras, semelhantes: elas constituem uma
pequena provisão de felicidade para o futuro, qualquer que ele seja.
Eugène
Delacroix, in Diário
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