segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Linguagem

Não sei que crítico notou que os grandes humoristas escrevem clássico. Um exemplo, entre nós: o velho Machado de Assis.
Mas não será isso porque os autores clássicos adquirem, forçosamente, com o tempo, um toque de humor? Um toque que decerto não era deles e que reside para nós, seus pósteros, no tom cada vez mais arcaico da sua linguagem.
Nem deve ser por outro motivo que às vezes se ouve, na voz tempestuosa dos Profetas, mercê das antigas traduções da Bíblia, certa nota de humor.
Mas não se iludam. Nosso Senhor não tem o mínimo sense of humour. Nosso Senhor leva tudo a sério. Com Ele não há fugir. Com Ele não há a escapatória do sorriso, essa arma predileta do Demônio, isto é, aquele que é também chamado o Espírito da Dúvida.
Mário Quintana, in A vaca e o hipogrifo

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