Quando
o mistério chegar,
já
vai me encontrar dormindo,
metade
dando pro sábado,
outra
metade, domingo.
Não
haja som nem silêncio,
quando
o mistério aumentar.
Silêncio
é coisa sem senso,
não
cesso de observar.
Mistério,
algo que, penso,
mais
tempo, menos lugar.
Quando
o mistério voltar,
meu
sono esteja tão solto,
nem
haja susto no mundo
que
possa me sustentar.
Meia-noite,
livro aberto.
Mariposas
e mosquitos
pousam
no texto incerto.
Seria
o branco da folha,
luz
que parece objeto?
Quem
sabe o cheiro do preto,
que
cai ali como um resto?
Ou
seria que os insetos
descobriram
parentesco
com
as letras do alfabeto?
Paulo
Leminski
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