“Ao
longo de uma vida, todos os ‘fracassos’ de amor se parecem (pudera: procedem
todos da mesma falha). X… e Y… não souberam (puderam, quiseram) responder ao
meu ‘pedido’, aderir à minha ‘verdade’; não mexeram uma vírgula do seu sistema;
para mim, um não fez senão repetir o outro. E, entretanto, X… e Y… são
incomparáveis; é da diferença entre eles, modelo de uma diferença
infinitamente reconduzida, que retiro a energia para recomeçar. A ‘mutabilidade
perpétua’ (in inconstantia constans) que
me anima, longe de esmagar todos aqueles que encontro sob um mesmo tipo
funcional (não responder ao meu pedido), desloca com violência seu falso ponto
em comum: a errância não iguala, faz mudar de cor: o que volta é a nuance. É
assim que vou até o fim da tapeçaria, de uma nuance a outra (a nuance é esse
último estado da cor que não pode ser nomeado; a nuance é o Intratável).”
Roland Barthes, in Fragmentos
de um discurso amoroso
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