22.
A
minha imagem, tal qual eu a via nos espelhos, anda sempre ao colo da
minha alma. Eu não podia ser senão curvo e débil como sou, mesmo
nos meus pensamentos.
Tudo
em mim é de um príncipe de cromo colado no álbum velho de uma
criancinha que morreu sempre há muito tempo.
Amar-me
é ter pena de mim. Um dia, lá para o fim do futuro, alguém
escreverá sobre mim um poema, e talvez só então eu comece a reinar
no meu Reino.
Deus
é o existirmos e isto não ser tudo.
Fernando Pessoa, em Livro do Desassossego
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