[...]
Enquanto escrevo, devo mencionar que o ensaio do “manifesto” que
mandei ontem (acredito) agora está me incomodando. Embora eu não
tenha o original por perto, creio ter usado a expressão “leave
us be fair”. Isso tem me deixado acordado em meu quente catre
solitário (as putas, por agora, andam se deitando com tolos menos
comprometidos). Acredito que “let us be fair” é mais
correto. Ou não é? Algum gramático na Nomad? Em minha
juventude (ó, velozes anos!), recebi um D em Inglês no bom e
velho L.A.C.C. por aparecer todas as manhãs às 7:30 de ressaca. Não
era tanto a ressaca quanto o fato de que a aula começava às 7:00,
quase sempre com uma cornetada capturadora de Gilbert e Sullivan que,
tenho certeza, teria me matado. Em Inglês II recebi um A ou B
porque a aula era dada por uma professora que me pegava olhando
constantemente suas pernas. Tudo isso para dizer que minha
compenetração na gramática não foi das mais fervorosas, e, quando
escrevo, é pelo amor à palavra, à cor, como jogar tinta numa tela,
e, usando bastante ouvido e tendo lido um pouco aqui e ali,
geralmente consigo me sair mais ou menos bem, mas em termos técnicos
não sei o que está acontecendo, tampouco me importo. Sejamos
justos. sejamos justos. sejamos...
Charles Bukowski, em Escrever para não enlouquecer
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