sábado, 30 de novembro de 2024

[Para Anthony Linick] | 2 de abril de 1959


[...] Enquanto escrevo, devo mencionar que o ensaio do “manifesto” que mandei ontem (acredito) agora está me incomodando. Embora eu não tenha o original por perto, creio ter usado a expressão “leave us be fair”. Isso tem me deixado acordado em meu quente catre solitário (as putas, por agora, andam se deitando com tolos menos comprometidos). Acredito que “let us be fair” é mais correto. Ou não é? Algum gramático na Nomad? Em minha juventude (ó, velozes anos!), recebi um D em Inglês no bom e velho L.A.C.C. por aparecer todas as manhãs às 7:30 de ressaca. Não era tanto a ressaca quanto o fato de que a aula começava às 7:00, quase sempre com uma cornetada capturadora de Gilbert e Sullivan que, tenho certeza, teria me matado. Em Inglês II recebi um A ou B porque a aula era dada por uma professora que me pegava olhando constantemente suas pernas. Tudo isso para dizer que minha compenetração na gramática não foi das mais fervorosas, e, quando escrevo, é pelo amor à palavra, à cor, como jogar tinta numa tela, e, usando bastante ouvido e tendo lido um pouco aqui e ali, geralmente consigo me sair mais ou menos bem, mas em termos técnicos não sei o que está acontecendo, tampouco me importo. Sejamos justos. sejamos justos. sejamos...

Charles Bukowski, em Escrever para não enlouquecer

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