quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Café on the Left Bank, de Paul McCartney


Café on the Left Bank
Compositor: Paul McCartney
Artista: Wings
Gravação: Fair Carol, Ilhas Virgens
Lançamento: London Town, 1978

Café on the Left Bank
Ordinary wine
Touching all the girls with your eyes

Tiny crowd of Frenchmen
Round a TV shop
Watching Charles de Gaulle make a speech

Dancing after midnight
Sprawling to the car
Continental breakfast in the bar

English-speaking people
Drinking German beer
Talking far too loud for their ears

Café on the Left Bank
Ordinary wine
Touching all the girls with your eyes

Dancing after midnight
Crawling to the car
Cocktail waitress waiting in the bar

English-speaking people
Drinking German beer
Talking way too loud for their ears

Café on the Left Bank

Vinho simples (em francês, vin ordinaire) era o único tipo de vinho que conhecíamos naquela época. Eu não entendia por que as pessoas curtiam vinho: sempre que eu experimentava tinha gosto ruim. Quando John e eu pegamos carona até Paris em 1961, fomos a um café na Margem Esquerda. A garçonete era mais velha que nós – normal, pois John ia completar 21 anos e eu não tinha nem 20. Ela nos serviu duas taças de vin ordinaire e notamos os pelos nas axilas dela. Ficamos chocados: “Caramba, olha só isto, ela tem pelos embaixo do braço!”. Isso é coisa das francesas, mas nenhuma garota britânica – tampouco americana, como descobriríamos mais tarde – usaria pelos nas axilas, nem morta. Você tinha que ser beatnik de verdade. É uma lembrança tão nítida para mim, então ela estava em minha cabeça quando comecei a montar essa cena.
Na verdade, sou um grande fã do que é “simples”. Espero que de muitas maneiras essa palavra me defina, e também muitas das canções que escrevi. Não me interprete mal; eu aprecio pessoas e coisas fantásticas, mas se as pessoas puderem ser excelentes e simples ao mesmo tempo, isso para mim é especial. Nesse sentido, os meus familiares de Liverpool (meus pais, todos os tios e tias) eram excelentes e simples, e acho que o fato de que essa combinação pode facilmente passar despercebida a torna ainda mais especial. Aos olhos de muita gente, a minha família de Liverpool passou despercebida, mas na verdade eles são bem mais inteligentes do que Maggie Thatcher, digamos. A atitude deles em relação à vida não era tão rígida quanto a de muita gente que encontrei desde então. Por exemplo, estavam sempre prontos para uma canção ao redor do piano do pub. Portanto, a escolha é sua. Ser altamente sofisticado, mas muito rígido, ou menos sofisticado e estar em paz consigo mesmo. Tento mesclar um pouco isso e costumo me inspirar bastante nessa simplicidade.
Eu me lembro de ver televisores na vitrine de uma loja – eles ainda eram em preto e branco (é difícil para as gerações mais jovens imaginarem televisão sem cores), e o pessoal estava assistindo ao Charles de Gaulle, de quepe e tudo. Hoje em dia é raro ver uma cena dessas. Na verdade, atualmente não se vê mais isso. Era, e ainda é, uma imagem muito impactante.



Eu me recordo como se fosse ontem. Gravamos a canção num estúdio móvel instalado num iate ancorado nas Ilhas Virgens Americanas. O estúdio tinha vinte e quatro canais – não se esqueça de que o Sgt. Pepper tinha sido gravado com quatro canais –, então foi o melhor estúdio em que trabalhei depois do Abbey Road. A formação clássica do Wings participou das gravações: Denny Laine e Jimmy McCulloch nas guitarras, Joe English na bateria, Linda nos teclados e vocais, e eu no baixo e vocais. Também atuei na produção da faixa. Isso é um pouco como estar num café na Margem Esquerda e ser freguês e garçom ao mesmo tempo.

Paul McCartney: As Letras

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