A
linguagem
na
ponta da língua,
tão
fácil de falar
e
de entender.
A
linguagem
na
superfície estrelada de letras,
sabe
lá o que ela quer dizer?
Professor
Carlos Góis, ele é quem sabe,
e
vai desmatando
o
amazonas de minha ignorância.
Figuras
de gramática, esquipáticas,
atropelam-me,
aturdem-me, sequestram-me.
Já
esqueci a língua em que comia,
em
que pedia para ir lá fora,
em
que levava e dava pontapé,
a
língua, breve língua entrecortada
do
namoro com a prima.
O
português são dois; o outro, mistério.
Carlos Drummond de Andrade, in Boitempo – Esquecer para lembrar
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