A
Freud.
Porque
meu cérebro pesa
algumas
gramas a menos
e
meus músculos não alcançam
a
potência
dos
recordes masculinos
dizem:
que
biologia é o destino
(destino
ao serviço)
porque
minhas glândulas
me
condenam
a
dessangrar a cada lua
e
o cheiro e a cor
do
meu sangue lembra
minha
pouca natureza angelical
dizem:
que
biologia é destino
(destino
inferiorizante)
porque
me falta
um
sexo protuberante
entre
as pernas,
que
me libere do compromisso
de
passos lentos
e
saliente ventre
depois
de um fugaz orgasmo,
dizem:
que
biologia é destino
(destino
para fralda, vassoura e cozinha).
Porque
a história registra
milhares
de nomes masculinos
e
poucos de mulheres
que
venceram as flamejantes espadas
dos
arcanjos misóginos
de
fama,
dizem:
que
biologia é destino
(destino
à ignorância)
E
com tantas evidências,
devemos
estar orgulhosas
quando
nos elogiam magnanimamente
nos
discursos oficiais
dizendo:
por
trás de um grande homem
há
sempre uma grande mulher
e
esquecem
— astutos
e olímpicos —
de
acrescentar
o
qualificador justo
de:
frustrada.
Luz Méndez de la Vega (Tradução de Elys Regina Zils)
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