Era
um garoto paulistano que amava bossa nova, Beatles, Jovem Guarda,
Tropicália, Clube da Esquina, rock progressivo, música clássica…
A partir desse cardápio musical diversificado, criou seu estilo, seu
mundo e tudo o mais.
Nascido
em São Paulo (1953) e criado em uma família de classe média alta,
Guilherme despertou para a música estimulado pelo pai, um
médico-cirurgião que também tocava violão e atualizava
periodicamente a discoteca de casa. Aos 6 anos, ganhou seu primeiro
cavaquinho, depois um bandolim e logo começou a estudar piano
clássico.
Com
prodigiosa musicalidade e precocidade, ele nunca deu muita bola para
o estudo formal e sempre teve a composição como sua meta, criando
ao longo do tempo grandes sucessos como “Deixa chover”,
“Aprendendo a jogar” (gravada por Elis Regina), “Coisas do
Brasil” (com Nelson Motta), “Planeta água”, “Um dia, um
adeus”, o hit infantil “Lindo balão azul”, “Pedacinhos” e
o mega-hit “Cheia de charme”.
O
caminho foi aberto com a balada “Meu mundo e nada mais”, incluída
na trilha sonora da novela Anjo mau, da TV Globo (1976), que
apresentou ao Brasil o cantor, compositor e pianista de 23 anos. O
enorme sucesso da música abriu caminho para seu primeiro álbum
solo, Guilherme Arantes (Som Livre), com outras nove composições,
diferentes de tudo o que se fazia na época, tanto na MPB quanto no
pop-rock brasileiro, marcadas por seu piano percussivo, suas melodias
fluentes e suas harmonias sofisticadas: puro pop.
Mas
o sucesso não era esperado: seria improvável para uma balada
sombria e melancólica, com um personagem imerso em crise existencial
só se sentindo seguro no escuro de seu quarto, “à meia-noite, à
meia-luz”, vendo seu mundo mudar inexoravelmente, tentando esquecer
o que perdeu, sonhando e fazendo música.
“Daria
tudo por um modo de esquecer / Daria tudo por meu mundo e nada mais.”
E pensar que “Meu mundo e nada mais” tinha sido composta sete
anos antes de seu lançamento, em 1969, por um adolescente de 16
anos.
Nelson Motta, in 101 canções que tocaram o Brasil
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