quinta-feira, 18 de maio de 2023

Meu mundo e nada mais | Guilherme Arantes, 1976


Era um garoto paulistano que amava bossa nova, Beatles, Jovem Guarda, Tropicália, Clube da Esquina, rock progressivo, música clássica… A partir desse cardápio musical diversificado, criou seu estilo, seu mundo e tudo o mais.
Nascido em São Paulo (1953) e criado em uma família de classe média alta, Guilherme despertou para a música estimulado pelo pai, um médico-cirurgião que também tocava violão e atualizava periodicamente a discoteca de casa. Aos 6 anos, ganhou seu primeiro cavaquinho, depois um bandolim e logo começou a estudar piano clássico.
Com prodigiosa musicalidade e precocidade, ele nunca deu muita bola para o estudo formal e sempre teve a composição como sua meta, criando ao longo do tempo grandes sucessos como “Deixa chover”, “Aprendendo a jogar” (gravada por Elis Regina), “Coisas do Brasil” (com Nelson Motta), “Planeta água”, “Um dia, um adeus”, o hit infantil “Lindo balão azul”, “Pedacinhos” e o mega-hit “Cheia de charme”.
O caminho foi aberto com a balada “Meu mundo e nada mais”, incluída na trilha sonora da novela Anjo mau, da TV Globo (1976), que apresentou ao Brasil o cantor, compositor e pianista de 23 anos. O enorme sucesso da música abriu caminho para seu primeiro álbum solo, Guilherme Arantes (Som Livre), com outras nove composições, diferentes de tudo o que se fazia na época, tanto na MPB quanto no pop-rock brasileiro, marcadas por seu piano percussivo, suas melodias fluentes e suas harmonias sofisticadas: puro pop.
Mas o sucesso não era esperado: seria improvável para uma balada sombria e melancólica, com um personagem imerso em crise existencial só se sentindo seguro no escuro de seu quarto, “à meia-noite, à meia-luz”, vendo seu mundo mudar inexoravelmente, tentando esquecer o que perdeu, sonhando e fazendo música.
Daria tudo por um modo de esquecer / Daria tudo por meu mundo e nada mais.” E pensar que “Meu mundo e nada mais” tinha sido composta sete anos antes de seu lançamento, em 1969, por um adolescente de 16 anos.

Nelson Motta, in 101 canções que tocaram o Brasil

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