Ó
caos confuso, labirinto horrendo,
Onde
não topo luz, nem fio amando,
Lugar
de glória, aonde estou penando,
Casa
da morte, aonde estou vivendo!
Ó
voz sem distinção, Babel tremendo,
Pesada
fantesia, sono brando,
Onde
o mesmo, que toco, estou sonhando,
Onde
o próprio, que escuto, não entendo!
Sempre
és certeza, nunca desengano,
E
a ambas propensões, com igualdade
No
bem te não penetro, nem no dano.
És
ciúme martírio da vontade,
Verdadeiro
tormento para engano,
E
cega presunção para verdade.
Gregório de Matos, in Antologia Poética
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