Não
te vás, esperança presumida,
A
remontar a tão sublime esfera,
Que
são as dilações dessa quimera
Remora
para o passo desta vida.
Num
desengano acaba reduzida
A
larga propensão, do que se espera,
E
se na vida o adquirir te altera,
Para
penar na morte te convida.
Mas
voa, inda que breve te discorres,
Pois
se adoro um desdém, que é teu motivo,
Quando
te precipitas, me discorres.
Que
me obriga meu fado mais esquivo,
Que
se eu vivo da causa, de que morres,
Que
morras tu da causa, de que vivo.
Gregório de Matos, in Antologia Poética
Nenhum comentário:
Postar um comentário