segunda-feira, 4 de abril de 2022

Raiva e prazer

Teofrasto revela-se um verdadeiro filósofo ao fazer uma comparação corriqueira entre maus atos. Ele diz que maus atos motivados por desejos são mais condenáveis do que aqueles incitados pela raiva, pois quem está enfurecido parece se afastar da razão com certa dor e contração inconsciente. Por outro lado, quem ofende movido pelo desejo e direcionado pelo prazer parece mais intemperante e menos viril em suas ofensas.
Teofrasto tem razão, e está filosoficamente correto, ao classificar maldades conduzidas pelo prazer como mais prejudiciais do que as comandadas pelo sofrimento. Uma pessoa é prejudicada e levada à ira pela dor. A outra é levada à maldade por uma agitação interna—arrastada pelo desejo.

Marco Aurélio, in Meditações do Imperador Marco Aurélio: Uma Nova Tradução

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