Isto é a terra? Então
não sou daqui
Quem és tu na janela acesa,
agora à sombra das folhas trêmulas
do viburno?
Podes sobreviver onde não vou durar
Além do próximo verão?
A noite inteira os galhos esguios da
árvore
movem-se e sussurram à janela iluminada.
Explica a minha vida, tu que não fazes
sinal algum,
embora eu chame por ti na noite:
não sou como tu, tenho apenas
meu corpo como voz; não posso
desaparecer no silêncio —
E na manhã fria
sobre a superfície escura da terra
vagueiam ecos da minha voz,
brancura que firme se consome em
escuridão
como se finalmente fizesses um sinal
para me convencer de que também não
pudeste sobreviver aqui
ou para me mostrar que não és a luz que
chamei
mas o breu atrás dela.
Louise Glück | tradução de Maria Lúcia Milléo Martins
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