Nunca avalie como proveitoso algo que o
obriga a quebrar uma promessa, a abdicar de sua dignidade, a odiar o
outro, a suspeitar, a praguejar, a agir com hipocrisia ou a cobiçar
o que necessita de paredes e cortinas.
Aquele que, acima de tudo, privilegia sua
própria inteligência e seu gênio interior — e que cultua a
superioridade desse — não atua em nenhuma tragédia, não geme, não
demanda solidão ou companhia numerosa e, sobretudo, não vive
perseguindo ou fugindo da morte. Ele não se importa se sua alma
permanecerá anexa ao corpo por muito ou pouco tempo. Ainda que
precise partir de imediato, irá prontamente — como se fosse
desempenhar qualquer função que possa ser executada com decência e
ordem. Durante toda a vida, empenha-se apenas para que seus
pensamentos não se distanciem do que pertence a um animal
inteligente—membro de uma comunidade civil.
Marco Aurélio, in Meditações do Imperador Marco Aurélio: Uma Nova Tradução
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