Foi um amor sem fim. Namoraram, ficaram noivos. Às tardes ele ia fielmente à casa dela. Assentavam-se nas cadeiras de vime colocadas na calçada e conversavam. Faziam planos para o futuro como fazem todos os noivos. Enquanto isso ela bordava o enxoval. O tempo passou. A canastra do enxoval ficou cheia. E assim continuaram, fazendo planos para o futuro e cuidando do enxoval, até que ficaram velhinhos. Aí, deixaram de fazer planos para o futuro e passaram a confidenciar memórias do passado. Nunca brigaram. Nunca pensaram em se separar. Foram felizes até que a morte os separou.
Rubem Alves, in O velho que acordou menino
Nenhum comentário:
Postar um comentário