domingo, 14 de março de 2021

Apelo a uma autoridade irrelevante

 


Embasar um argumento na opinião de uma autoridade é um apelo à modéstia das pessoas, ao senso de que sempre haverá outros com maior conhecimento do que nós (Engel) – o que pode até ser verdade, mas nem sempre. Claro que é correto citar uma autoridade competente, como os cientistas e acadêmicos costumam fazer. A grande maioria das coisas em que acreditamos, como os átomos e o sistema solar, são confirmadas por autoridades confiáveis, assim como todos os fatos históricos (na acepção de C.S. Lewis). Mas é muito mais provável que o argumento seja falacioso quando há um apelo à opinião de uma autoridade irrelevante, que não é especializada no assunto em questão. Uma falha de argumentação nessa linha é o apelo a uma autoridade vaga, em que uma ideia é atribuída a um coletivo indefinido. Por exemplo: “Professores na Alemanha demonstraram que isso é verdadeiro.”
Um tipo comum de apelo a autoridades irrelevantes é o apelo à sabedoria antiga, onde uma ideia é presumida como verdadeira somente porque foi originada num passado distante. Por exemplo: “A astrologia era praticada há milênios na China, uma das civilizações tecnologicamente mais avançadas da Antiguidade.” Esse tipo de apelo costuma ignorar o fato de que o conhecimento científico atual é muito superior e que muitos costumes e normas podem mudar ao longo do tempo. Por exemplo: “Nós não dormimos o suficiente hoje em dia. Poucos séculos atrás, as pessoas costumavam dormir nove horas por noite.” Havia uma série de razões pelas quais elas dormiam mais horas no passado. O simples fato de que dormiam mais não oferece evidências suficientes para sustentar o argumento de que devemos fazer o mesmo hoje em dia.

Ali Almossawi, in O livro ilustrado dos maus argumentos

Nenhum comentário:

Postar um comentário