Embasar um argumento na opinião de uma
autoridade é um apelo à modéstia das pessoas, ao senso de que
sempre haverá outros com maior conhecimento do que nós (Engel) –
o que pode até ser verdade, mas nem sempre. Claro que é correto
citar uma autoridade competente, como os cientistas e
acadêmicos costumam fazer. A grande maioria das coisas em que
acreditamos, como os átomos e o sistema solar, são confirmadas por
autoridades confiáveis, assim como todos os fatos históricos (na
acepção de C.S. Lewis). Mas é muito mais provável que o argumento
seja falacioso quando há um apelo à opinião de uma autoridade
irrelevante, que não é especializada no assunto em questão.
Uma falha de argumentação nessa linha é o apelo a uma autoridade
vaga, em que uma ideia é atribuída a um coletivo indefinido. Por
exemplo: “Professores na Alemanha demonstraram que isso é
verdadeiro.”
Um tipo comum de apelo a autoridades
irrelevantes é o apelo à sabedoria antiga, onde uma ideia é
presumida como verdadeira somente porque foi originada num passado
distante. Por exemplo: “A astrologia era praticada há milênios na
China, uma das civilizações tecnologicamente mais avançadas da
Antiguidade.” Esse tipo de apelo costuma ignorar o fato de que o
conhecimento científico atual é muito superior e que muitos
costumes e normas podem mudar ao longo do tempo. Por exemplo: “Nós
não dormimos o suficiente hoje em dia. Poucos séculos atrás, as
pessoas costumavam dormir nove horas por noite.” Havia uma série
de razões pelas quais elas dormiam mais horas no passado. O simples
fato de que dormiam mais não oferece evidências suficientes para
sustentar o argumento de que devemos fazer o mesmo hoje em dia.
Ali Almossawi, in O livro ilustrado dos maus argumentos
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