quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Interior

As persianas, entrefechadas, deixam passar uma réstia de sol, onde zumbe uma mosca. Silêncio. Somente, na última prateleira, há um velho boião que diz: “Viva Dom Pedro Segundo!” — única nota exclamativa neste silêncio tecido (e não interrompido) pelo zum-zum da mosca em seu vaivém. Tudo é definitivo, tudo é tão agora que até o relógio, o velho bruxo, está parado.

Mário Quintana, in Caderno H

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