segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Caldeirão do acaso

Desde a última vez
do nosso reencontro
o que restaram sopesados
foram danos e cicatrizes.
Você, um porto do mar de Aral,
e eu, um navio avariado, encalhado,
à espera de um reboque,
um milagre, um dilúvio.
O sorvete derretendo na mão
da criança que fui,
da criança que sou.

Não chego ao destino
se antes não chover
e fluir pelos canais,
enseadas e golfos.
E rio.
Agora refaço minha rota,
remendo as velas,
aprumo meu leme,
e espero o tempo vagar,
sem arreliar-me.
Que a gordura do medo
se dissolva
no caldeirão do acaso.

Elilson José Batista

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