Um dia
um padre que fazia
milagres
deu sua bênção
pro povo:
mulheres de
cabacinha de ouro na orelha,
homens de camisa
cor-de-rosa,
menino de todo
jeito e de terninho.
Galho de funcho,
arruda, manjericão,
cheiravam junto com
o povo apertado no pátio.
Tudo ótico,
olfático, escatológico.
A paciência de
Deus sentou de pernas cruzadas
na platibanda da
igreja. Com uma mão pitava,
com a outra
segurava o joelho,
piscando um código
pra Murilo Mendes
que rolava de rir.
Adélia Prado
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