Essa vem
diretamente do Bar da Maria:
Pinguço, como o
apelido indica, vivia cheio de goró. Um dia, depois de uma dosagem
maciça de pau-pereira com licor de ovo, teve uma dor terrível na
barriga lá dele. Emborcado na serragem, gemia sem parar:
- Ai, ai, ai,
parece uma barra de fogo, ai, ai...
Baiano,
completamente de porre, levou o Pinguço pro Pronto-Socorro do
Andaraí, onde tu entra cajá e sai caqui. Dentro do táxi, Pinguço
chiava firme:
- Ai, Baiano,
parece uma barra de fogo...
- É natural, meu
irmão. Você viveu de fogo, agora tem que aguentar a barra.
O atendimento de
emergência foi o tumulto costumeiro. Por estar vestido de branco,
Baiano fez parte da junta médica, e, por estar caneado, deu uma
porção de palpites. Lá pelas tantas, um cirurgião resmungou:
- É... laparotomia
no coitado...
Baiano voltou
arrasado pro boteco. Pra consternação geral, foi taxativo:
- Pinguço não tem
a menor chance.
- Meu Deus!
- É. O caso é tão
grave que um dos médicos cantou o Hino Nacional.
- Ah, Baiano, vá
se ferrar!
- Juro! Ouvi
direitinho: “O lábaro que ostentas estrelado...”.
Aldir Blanc,
in Brasil passado a sujo
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