Com
o homem primitivo é o medo acima de tudo que evoca noções
religiosas — medo da fome, das feras, da doença, da morte. Como
neste estado de existência o conhecimento das relações causais
está usualmente pouco desenvolvido, a mente humana cria seres
ilusórios mais ou menos semelhantes a si própria de cujos desejos e
atos dependem esses acontecimentos assustadores. Por isso, tentamos
obter o favor destes seres realizando ações e oferecendo
sacrifícios que, de acordo com as tradições passadas de geração
em geração, os tornam favoráveis ou bem dispostos em relação aos
mortais. Neste sentido, estou a falar de uma religião do medo. Isto,
apesar de não ter sido criado, é em alto grau estabilizado pela
criação de uma casta sacerdotal especial que se institui a si mesma
como mediadora entre as pessoas e os seres que elas receiam e ergue
uma hegemonia assente nisso. Em muitos casos, um líder, um
governante ou uma classe privilegiada, cuja posição assenta noutros
fatores, combinam as funções sacerdotais com a sua autoridade
secular, de modo a garantirem mais firmemente a primeira, ou os
governantes políticos e a casta sacerdotal defendem a mesma causa
para defenderem os próprios interesses.
Albert
Einstein
Nenhum comentário:
Postar um comentário