segunda-feira, 9 de outubro de 2017

A nuança da palavra

Há uma só palavra para descrever determinada substância, determinada ação, determinado objeto, determinada qualidade.
Disse alguém, já não recordo o nome, que o verdadeiro escritor desconhece sinônimos. Horácio Quiroga, no Decálogo do perfeito contista, dedicou o sexto mandamento a essa questão.
O escritor precisa estar atento aos sutis contrastes entre as palavras de mesmo gênero, como o pintor às infinitas gradações na paleta das cores. A luta do escritor pela palavra adequada é a sua luta mais penosa. (O adjetivo não se origina, exatamente, em trabalhar com a “pena”?)
Os índios guaranis usavam quase duas dezenas de palavras para referir-se a um simples pôr de sol. Para cada matiz, uma palavra diferente. Os esquimós têm dezenas de substantivos para caracterizar a cor branca.
Gustav Flaubert, que se demorou seis anos na elaboração minuciosa da linguagem de Madame Bovary, cunhou a expressão mote juste – a palavra certa, a palavra exata, a palavra única.
Charles Kiefer, in Para ser escritor

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