Há
uma só palavra para descrever determinada substância, determinada
ação, determinado objeto, determinada qualidade.
Disse
alguém, já não recordo o nome, que o verdadeiro escritor
desconhece sinônimos. Horácio Quiroga, no Decálogo do perfeito
contista, dedicou o sexto mandamento a essa questão.
O
escritor precisa estar atento aos sutis contrastes entre as palavras
de mesmo gênero, como o pintor às infinitas gradações na paleta
das cores. A luta do escritor pela palavra adequada é a sua luta
mais penosa. (O adjetivo não se origina, exatamente, em trabalhar
com a “pena”?)
Os
índios guaranis usavam quase duas dezenas de palavras para
referir-se a um simples pôr de sol. Para cada matiz, uma palavra
diferente. Os esquimós têm dezenas de substantivos para
caracterizar a cor branca.
Gustav
Flaubert, que se demorou seis anos na elaboração minuciosa da
linguagem de Madame Bovary, cunhou a expressão mote juste – a
palavra certa, a palavra exata, a palavra única.
Charles
Kiefer, in Para ser escritor
Nenhum comentário:
Postar um comentário