Desenhei
um oceano
para
ser calmo, claro e plano.
Ele
começou a se insubordinar:
inventou
um movimento
só
pra molhar meu bom comportamento.
Tive
que me acostumar às ondulações.
Outra
de suas diversões
foi
me fazer mergulhar
sempre
mais fundo,
na
intenção de me ver esfolar
no
lodo que atapeta o chão do mundo.
Com
o tempo,
perdeu
o senso de todo,
encalpelou,
cresceu,
engoliu
o castelo de areia que era meu.
Como
rebelião,
reforço
o nó de marinheiro
e
conduzo meu veleiro
ávido,
contra a correnteza.
O
oceano vai com certeza se irritar
e
querer derrubar a embarcação.
Em
vão, pois dessa vez ele perde.
Aprendi
a nadar o suficiente
para
emergir no exato lugar
onde
a terra se faz quente,
onde
o mar é verde.
Flora
Figueiredo
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