O
começo de todas as histórias é, no princípio, ridículo. Parece
não haver esperança de que esta coisa acabada de nascer, ainda
incompleta e tenra em todas as suas articulações, seja capaz de se
manter viva na organização completa do mundo, que, como todas as
organizações completas, luta por se fechar. Contudo, não podemos
esquecer que a história, se tiver uma justificação para existir,
tem dentro de si a sua própria organização completa até antes de
estar completamente formada; por esta razão não há motivo para
desesperar com o princípio de uma história; num caso semelhante, os
pais teriam de desesperar com o bebê porque não tinham nenhuma
intenção de trazer para o mundo este ser ridículo e patético.
É
claro que nunca sabemos se há razão ou não para o desespero que
sentimos. Mas refletindo sobre isso podemos obter um certo apoio;
sofri anteriormente da falta deste conhecimento.
Franz
Kafka, in
Diário (19/12/1914)
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