Meus
filhos, eu os abençoo. Sugiro aos pais ler a página de Gibran
Khalil Gibran no seu livro O profeta com o título “Os filhos”.
“Vossos filhos não são vossos filhos. Eles vêm através de vós
mas não são vossos, e apesar de estarem convosco não vos
pertencem. Sois os arcos dos quais seus filhos, como flechas vivas,
são arremessados na direção do alvo que o arqueiro vê no
infinito.” Uma vez disparada, a flecha voa para longe do arco que
fica, vazio... A imagem é linda. Mas não me parece que seja
totalmente verdadeira. E isso porque a flecha, ainda que não atinja
o alvo, vai sempre na direção do alvo que o arqueiro viu. Sugiro,
então, uma alteração: “Vossos filhos são flechas que, uma vez
disparadas, se transformam em pássaros que voam para onde querem e
não na direção do alvo que o arqueiro viu”. Ser pai é
alegrar-se com o voo do pássaro, livre, para longe, numa direção
não sonhada. Se eu tivesse voado na direção do alvo que meu pai
viu, eu seria um engenheiro, talvez um médico. Pode até ser que
tivesse atingido sucesso profissional e me tornado um homem rico. Mas
minhas asas me levaram para um lugar que nunca passou pelos seus
sonhos, e nem mesmo pelos meus... Nunca imaginei que seria escritor.
Parece que as asas sabem mais sobre as direções da alma que nossos
pensamentos. E estou contente. E nesse dia abençoo meus filhos nos
seus voos.
Rubem
Alves, in Ostra feliz não faz pérola
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