quarta-feira, 13 de julho de 2016

Fiz cada dia o que tinha de fazer

Com todas as minhas fraquezas, sou uma pessoa muito coerente. Em nenhum momento da minha vida visei o que antes [na entrevista] chamei de triunfo, no jornalismo ou no que fosse. Nem mesmo quando começava a escrever. Nunca, nunca, nunca. Fiz cada dia o que tinha de fazer. Não pensava: “Eu agora faço isto porque quero chegar àquilo e, quando chegar àquilo, quero fazer algo mais para chegar mais longe”. Uma estratégia, uma linha, uma tática, não, jamais.
Destes meus 76 anos até onde puderem alcançar minha memória e minhas lembranças, o que vejo é isto: uma pessoa que viveu. Viver, viver de forma simples, fazendo o que tinha de fazer, nada mais. Sem nenhuma ideia de vir a triunfar no que quer que fosse. Talvez por nunca ter querido nada, tenho tudo. E quando digo que nunca quis nada quero dizer que não tive nenhuma ambição, fui uma pessoa sem ambição.
José Saramago, in As palavras de Saramago

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