Como
um grande borrão de fogo sujo
O
sol posto demora-se nas nuvens que ficam.
Vem
um silvo vago de longe na tarde muito calma.
Deve
ser dum comboio longínquo.
Neste
momento vem-me uma vaga saudade
E
um vago desejo plácido
Que
aparece e desaparece.
Também
às vezes, à flor dos ribeiros,
Formam-se
bolhas na água
Que
nascem e se desmancham
E
não têm sentido nenhum
Salvo
serem bolhas de água
Que
nascem e se desmancham.
Alberto
Caeiro, (heterônimo de
Fernando Pessoa)
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