O
olhar do Lobo da Estepe penetrava todo o nosso tempo, toda a
afetação, toda a ambição, toda a vaidade, todo o jogo superficial
de uma espiritualidade fabricada e frívola. Ah! Lamentavelmente o
olhar ia mais fundo ainda, ia além das simples imperfeições e
desesperanças de nosso tempo, de nossa espiritualidade, de nossa
cultura. Chegava ao coração de toda a Humanidade; expressava, num
único segundo, toda a dúvida de um pensador, talvez a de um
conhecedor da dignidade e sobretudo do sentido da vida humana. Esse
olhar dizia: “Veja os macacos que somos! Veja o que é o homem!”
E toda a celebridade, toda a inteligência, toda a conquista do
espírito, todo o afã para alcançar a sublimidade, a grandeza e o
duradouro do humano se esboroava de repente e não passava de
frívolas momices!
Hermann
Hesse,
in O
Lobo da Estepe
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