terça-feira, 1 de março de 2016

Relaxe e viva melhor

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Chama-se relaxamento o estado oposto à tensão, isto é, a ausência de contrações e esforços. Estando relaxados os músculos, os nervos que os comandam não transmitem mensagem alguma. Inativos, feito fios elétricos desligados, por eles não transitam impulsos, possibilitando, assim, repouso aos centros nervosos. Nesta condição, os reflexos se acalmam. O corpo fica igual a um aparelho elétrico desligado da corrente. Hoje é comum que, ao invés de comprimidos e injeções, o médico recomende: relaxe. Tem sido receitado para fatigados, neuróticos, aflitos, insones, cardíacos, dispépticos e convalescentes. Nos casos de doença psicogênica (engendrada pela mente) é frequente o médico receitar: ‘Vá para casa. Nada de aborrecimentos. Descanse. Relaxe!’ Relaxar é remédio eficaz. Mas como é difícil! É muito mais fácil tomar certas poções abomináveis, ser picado de agulha e engolir bolinhas.
Sem pertinaz treinamento não é possível relaxar. Digo-o para que o neófito, necessitado e de boa-fé, não venha a se desanimar perante as dificuldades iniciais, que vai encontrar. A prática conjugada de técnicas predisponentes ao relaxamento é a maneira que descobri de ajudar meus alunos a vencer tais dificuldades. Quem praticar toda série não chegará mesmo a sentir qualquer obstáculo. Por outro lado, a contribuição das outras frentes yogaterápicas (filosófica, psicológica, fisiológica e moral) ainda mais facilitará a redução do eretismo generalizado do homem tenso e necessitado de repouso.
Relaxar é afrouxar-se. É desligar-se. É abandonar-se. É derramar-se passivamente. Ausentar-se por uns instantes da ansiedade e da luta. Relaxar é economizar esforços. É despojar-se da normal e eficiente estressora autoafirmação. Relaxar é gozar repouso. É amolecer-se. É desfrutar os inefáveis prazeres do fazer absolutamente nada.
Para um neurótico inquieto e ansioso, relaxar é difícil. Compreende-se. Representa um ato de coragem, de crença, de segurança, que exatamente ele não tem. É um entregar-se todo, sem restrições, sem preocupação com um sistema de segurança. E isso é impossível. O neurótico, vivendo exausto, em guarda, a defender-se de misterioso e supostamente presumível assalto, não consegue, com facilidade, mandar dormir todas as sentinelas que tem colocado ao redor para sua defesa. Por outro lado, se o neurótico, insistindo e tirando proveito de outras técnicas, conseguir aprimorar a arte de relaxar, consequente e simultaneamente, estará se libertando da neurose. Estará vencendo o medo, acalmando a ansiedade, ganhando coragem e estímulos de vida.”
Prof. Hermógenes de Andrade, in Yoga para nervosos

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