— Como
você era tratado em McAlester?
— Oh,
muito bem até. Tinha comida na hora certa, e roupa limpa e podia
tomar banho. É um lugar bem confortável. Só o que era ruim era a
falta de mulher. — Joad riu baixinho. — Uma vez um sujeito saiu
de lá, em liberdade condicional, e um mês depois tava voltando.
Então perguntaram pra ele: escute, por que você voltou? E ele
disse: ora, por quê. Quando cheguei na casa de meus velhos fiquei
mal como o diabo. Lá não tinha luz elétrica, nem chuveiro, nem
nada. Não tinha livros pra gente ler e a comida era braba que lhe
digo! Aqui, sim. Tinha de tudo. Então diss’que voltava pra onde
tinha conforto e onde podia comer. Se sentiu muito mal em liberdade,
sem saber o que fazer. Aí roubou um carro pra poder voltar. — Joad
enrolou um cigarro, acendeu-o. — O sujeito não deixa de ter razão
— disse. — Inda ontem de noite fiquei atarantado, pensando onde
eu ia dormir. Comecei a pensar no que meu companheiro de cela faria.
Eu e meus colegas da prisão tínhamos uma banda, e das boas. Alguém
até disse que a gente devia tocar no rádio. E hoje de manhã não
sabia a que horas me levantar. Fiquei esperando o sino tocar.
Casy
riu, cacarejante.
—
Quando
a gente se acostuma, até o barulho de uma serraria faz falta.
John
Steinbeck, in As vinhas da ira
Nenhum comentário:
Postar um comentário