TRIMMMMMMMMMMMMMMMMM…
– Alô…
– É
da casa de dona Eugênia?
– Sim,
é ela.
–
Ligação
a cobrar, minha senhora. Posso completar?
– Quem
é? De onde é?
Uma
ligeira pausa.
– A
pessoa diz que é do seu interesse, minha senhora… Vou completar.
– Mas…
Uma
voz estranha, diferente, metálica do outro lado.
– Alô,
sou eu…
– Eu
quem? Quem está falando?
– Não
reconhece a minha voz?
Tapa
um dos ouvidos. Espicha o pescoço.
– A
ligação está muito ruim…
– Sou
eu, seu marido.–
Alguns
estalidos e chiados na linha.
– Não
estou ouvindo direito.
– Estou
ligando para avisar que morri ontem.
– O
quê? Quem morreu?
– Eu.
Seu marido.
– Alô,
alô, telefonista… Alô…
Mexe
nas teclas, bate no telefone.
CLIC.
Desligaram.
“Já
não se dão mais trotes como antigamente… – pensou dona Eugênia
enquanto colocava o telefone no gancho.
Voltou
a folhear o jornal. Foi quando viu a notícia estampada em tipos bem
negros, com uma foto dele que lhe parecia sorrir: exatamente como no
dia do casamento.
José
de Castro, in www.substantivoplural.com.br
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