sexta-feira, 5 de junho de 2015

O obstinador pescador

O barco era pequeno e pintado de branco. Chamava-se “Meia noite” e trazia uma lanterna pendurada à proa. Nas noites de verão, lá estava ela, brilhando em plena lagoa Rodrigo de Freitas, com o obstinado pescador sondando o fundo das águas. A luz piscava sem descanso, mas ao que eu soubesse, ele nunca conseguiu trazer dessas rondas noturnas nenhum peixe – só essa funda sensação de poesia a quem via o barquinho oscilar na escuridão da noite.
Lúcio Cardoso, in Diários

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