quinta-feira, 19 de março de 2015

Soneto de véspera

    Quando chegares e eu te vir chorando
    De tanto te esperar, que te direi?
    E da angústia de amar-te, te esperando
    Reencontrada, como te amarei?

    Que beijo teu de lágrimas terei
    Para esquecer o que vivi lembrando
    E que farei da antiga mágoa quando
    Não puder te dizer por que chorei?

    Como ocultar a sombra em mim suspensa
    Pelo martírio da memória imensa
    Que a distância criou - fria de vida

    Imagem tua que eu compus serena
    Atenta ao meu apelo e à minha pena
    E que quisera nunca mais perdida…
    Vinicius de Moraes

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