sexta-feira, 13 de março de 2015

Musa, onde estás

Musa, onde estás, que há tanto tempo te esqueces
De dizer aquilo que te dá todo o teu poder?
Usaste teu furor em uma canção espúria,
Reduzindo a força para emprestar-lhes tua luz?
Volta, esquecida Musa, e redime logo
Em doces horas o tempo inutilmente despendido;
Canta para os ouvidos de quem te estima,
E dá, à tua pluma, talento e voz.
Levanta, leve Musa, vê na suave face do meu amor
Se o Tempo a marcou com alguma ruga:
Se há, ri da decadência,
E despreza os despojos do Tempo por toda a parte.
Dá a meu amor fama mais rápido do que o Tempo gasta a vida;
Para que, de sua foice, me afastes a encurvada lâmina.
William Shakespeare

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