“Seu
Tomás da bolandeira falava bem, estragava os olhos em cima de
jornais e livros, mas não sabia mandar: pedia. Esquisitice um homem
remediado ser cortês. Até o povo censurava aquelas maneiras. Mas
todos obedeciam a ele. Ah! Quem disse que não obedeciam?
Os
outros brancos eram diferentes. O patrão atual, por exemplo, berrava
sem precisão. Quase nunca vinha à fazenda, só botava os pés nela
para achar tudo ruim. O gado aumentava, o serviço ia bem, mas o
proprietário descompunha o vaqueiro. Natural. Descompunha porque
podia descompor, o Fabiano ouvia as descomposturas com o chapéu de
couro debaixo do braço, desculpava-se e prometia emendar-se.
Mentalmente jurava não emendar nada, porque estava tudo em ordem, e
o amo só queria mostrar autoridade, gritar que era dono. Quem tinha
dúvida?”
Graciliano
Ramos, in Vidas secas
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