“Pendurar
uma panela com água ou pôr o samovar junto dos tições se mostrava uma tarefa
impossível, de modo que finalmente concluiu que quem havia construído o
esconderijo o fez pensando que alguém, um dia, se esconderia e outra pessoa o
ajudaria a se esconder. O que salva, pensou Reiter, e o que o salva. O que
viverá e o que morrerá. O que fugirá quando cair a noite e o que ficará e se
tornará vítima. Às vezes, de tarde, se enfiava no esconderijo, armado somente
com os papéis de Boris Ansky e uma vela, e ficava ali até alta noite, até ficar
com cãibra em seus músculos e com o corpo gelado, lendo, lendo.”
Roberto Bolaño, in 2666
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