“Sair,
fazer, pôr em dia, não eram coisas que o ajudavam a adormecer. Pôr em dia. Que
raio de expressão! Fazer. Fazer algo, fazer o bem, fazer xixi, fazer hora: a
ação em todas as suas complicações. Contudo, por trás de toda e qualquer ação,
havia sempre um protesto, pois todo fazer significava sair de para chegar a, ou
mover algo para que ficasse aqui e não ali, ou entrar numa determinada casa em
vez de entrar ou não entrar na casa ao lado, o que significava que em qualquer ato
havia sempre a confissão de uma falha, de algo ainda não feito e que era
possível fazer, o protesto tácito diante da contínua evidência da falha, da
mesmice, da imbecilidade do presente.”
Julio Cortázar, in O jogo da Amarelinha
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