“O
problema é construir a vida como se fosse um sonho, não um sonho vivo, mas um
sonho que tivéssemos inventado. Um sonho que não fosse a visão de um insensato,
num completo desconhecimento das coisas – mas um milagre de harmonia, de
equilíbrio e de compreensão. Aliás, que outra finalidade emprestar às pobres
coisas desamparadas que somos, senão a de compreender, compreender sempre e
mais profundamente, até poder aceitar tudo sem revolta? Compreender com a alma,
o coração, os dedos, os lábios, com tudo o que é dotado de um sentido qualquer
de percepção, com as pequenas e inúmeras almas antagônicas que nos constituem. Então
viveremos como um sonho, acordados e lúcidos, que a realidade, é sempre bom
repetir, é um mistério cujo alfabeto jamais soletramos com inteira coerência.”
Lúcio Cardoso, in Diários
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