sábado, 29 de novembro de 2014

Pensar

“Importante não é ver o que ninguém nunca viu, mas sim, pensar o que ninguém nunca pensou sobre algo que todo mundo vê.”
Schopenhauer

Acerca das circunstâncias

“As pessoas sempre põem a culpa nas circunstâncias por serem quem são. Não acredito em circunstância: os indivíduos de sucesso são aqueles que saem e procuram as condições que desejam; e, se não as encontram, criam-nas.”
George Bernard Shaw

Pouco hidrogênio, muita estupidez


“Alguns cientistas acreditam que hidrogênio, por ser tão abundante, é o elemento básico do universo. Eu questiono este pensamento. Existe mais estupidez do que hidrogênio. Estupidez é o elemento básico do universo.”
Frank Zappa

Visão do mundo e de mim mesmo

“Durante muito tempo procurei obter uma visão pessoal do mundo, e não o consegui senão quando tive uma visão pessoal de mim mesmo; em vez de limitar o mundo por ideias falsas que seriam adotadas por mim, limitei-o a uma expansão do meu ser, a uma dilatação interior que me garantiu um conhecimento e uma avaliação mais ou menos autêntica do existente. Porque não se cria nada vindo do exterior, mas em permanente colaboração com suas forças mais obscuras e mais indeterminadas.
Se me perguntassem o valor essencial desse período de tensão que agora vivo, diria que simplesmente a impossibilidade de mentir ou de aceitar a existência fora dos seus postulados reais. Esta é a minha liberdade, e tão difícil e perigosa quanto seja ela, é o que garante a autenticidade do que digo, e a certeza de que uma nova época nasceu para mim.”
Lúcio Cardoso, in Diários

Data e dedicatória

Teus poemas, não os dates nunca... Um poema
Não pertence ao Tempo... Em seu país estranho,
Se existe hora, é sempre a hora extrema
Quando o Anjo Azrael nos estende ao sedento
Lábio o cálice inextinguível...
Um poema é de sempre, Poeta:
O que tu fazes hoje é o mesmo poema
Que fizeste em menino,
É o mesmo que,
Depois que tu fores,
Alguém lerá baixinho e comovidamente,
A vivê-lo de novo...
A esse alguém,
Que talvez nem tenha ainda nascido,
Dedica, pois, teus poemas.
Não os date, porém:
As almas não entendem disso...
Mário Quintana

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A verdadeira experiência da liberdade

Digital Art: Florin-Chis

“Ninguém perde ninguém, porque ninguém possui ninguém. Essa é a verdadeira experiência da liberdade: ter a coisa mais importante do mundo sem possuí-la.”
John Lennon

Uma crítica ao comentário oficial

"Numa aldeia, alguns camponeses que se haviam reunidos para ler os Evangelhos foram dispersados pelos guardas. No domingo seguinte voltaram a se reunir. Então o chefe dos soldados levantou-lhes um processo e levou-os a julgamento. Após um inquérito feito pelo juiz de instrução, o substituto redigiu uma ata de acusação, que o tribunal confirmou. Durante o requisitório foram apresentadas as provas do delito; eram os Evangelhos. Os camponeses foram deportados.
- É horrível! – Concluiu Nekliudov. – Será possível que isto é verdade?
- O que é que nisso o surpreende tanto?
- Tudo. Não falemos já no chefe dos soldados, mero executor e ordens, mas o substituto que redigiu a ata é um homem instruído...
- Aí é que está o erro. Estamos acostumados a creditar que os magistrados são homens modernos, de ideias liberais. Foi assim noutros tempos, mas agora é tudo diferente. São funcionários e apenas estão preocupados em que chegue o dia vinte de cada mês para receberem os seus vencimentos, que gostariam de ver continuamente aumentados. A isto se limitam os seus princípios. Julgam, acusam e condenam quem quer que seja.
- Mas existe alguma lei que permita deportar homens só porque se reúnem para ler os Evangelhos?
- Não só a lei permite deportá-los, mas até condená-los a trabalhos forçados quando se prove que se atreveram a comentar os Evangelhos de maneira diferente daquela que está estabelecida, pois isso constitui uma crítica ao comentário oficial. Ora, o artigo cento e noventa e seis pune com desterro o ultraje à fé ortodoxa.
- Isso não é possível!
- Afirmo-lho. Digo a todo momento aos senhores magistrados – continuou o advogado – que não posso vê-los sem sentir um profundo sentimento de gratidão para com eles, pois, se eu não estou na prisão, nem o senhor, nem toda a gente, é à sua benevolência que o devemos. Quanto a privar qualquer pessoa dos seus direitos civis e a deportá-la para um lugar mais ou menos longínquo, não há nada mais fácil.
- Sendo assim, se tudo depende da disposição do procurador ou das pessoas suscetíveis de aplicar ou não a lei, para que servem os tribunais?
O advogado soltou uma gargalhada."
Leon Tolstoi, in Ressurreição

Estratégia


“A vantagem estratégica desenvolvida por bons guerreiros é como o movimento de uma pedra redonda, rolando por uma montanha de 300 metros de altura. A força necessária é insignificante; o resultado, espetacular.”
Tzu Sun

Amor de baixo orçamento

Fonte: Google Imagens

“Para o amor, um banco de praça já basta. Ou ficar na frente de um portão. Ou uma xícara de café. Amor mesmo é um filme de baixo orçamento.”
Fabrício Carpinejar

A sinceridade do meu prazer

“Não gosto dos que se acham com mérito por terem trabalhado penosamente. Porque, se o que fizeram foi penoso, seria por certo melhor que tivessem feito outra coisa. A sinceridade do meu prazer é o mais importante dos meus guias.”
André Gide

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Incompletude

A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
- eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar os homens
usando borboletas.
Manoel de Barros

Não há ninguém que possa deter no voo a vitória

“A fraqueza fundamental do homem não é nada que ele não possa vencer, desde que não possa aproveitar com a vitória. A juventude vence tudo, a impostura, a astúcia mais dissimulada, mas não há ninguém que possa deter no voo a vitória, torná-la viva, porque então a juventude deixou de existir. A velhice não ousa tocar na vitória e a nova juventude atormentada pelo novo ataque que se desencadeia imediatamente, deseja a sua própria vitória. É assim que o Diabo sem cessar vencido, nunca é aniquilado.”
Franz Kafka, in Meditações

Ideias

“Sou, simplesmente, uma pessoa com algumas ideias que lhe têm servido de razoável governo em todas as circunstâncias, boas ou más, da vida. Costuma-se dizer que o melhor partido para um crente é comportar-se como se Deus estivesse sempre a olhar para ele, situação, imagino eu, que nenhum ser humano terá estofo para aguentar, ou então é porque já estará muito perto de tornar-se, ele próprio, Deus. De todo o modo, e aproveitando o símile, o que eu tenho feito é imaginar que essas tais ideias minhas, estando dentro de mim como devem, também estão fora — e me observam. E realmente não sei o que será mais duro: se prestar contas a Deus, por intermédio dos seus representantes, ou às ideias, que os não têm. Segundo consta, Deus perdoa tudo — o que é uma excelente perspectiva para os que nele acreditem. As ideias, essas, não perdoam. Ou vivemos nós com elas, ou elas viverão contra nós — se não as respeitamos.”
José Saramago, in Cadernos de Lanzarote (1995)

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Sobre loucos e sãos

“Às vezes não tenho tanto a certeza de quem tem o direito de dizer quando um homem é louco e quando não é. Às vezes penso que não há ninguém completamente louco tal como não há ninguém completamente são até a opinião geral o considerar assim ou assado. É como se não fosse tanto o que um tipo faz, mas o modo como a maioria das pessoas o encara quando o faz.”
William Faulkner, in Na Minha Morte

Dizer bem o mal

"Mal é dizer mal, mas depois de o haverdes dito, dizerdes ainda que dizeis bem, é um mal maior sobre outro mal, porque é estar obstinado nele."
Padre Antônio Vieira

A linguagem do agir

A expressão verbal revela que nem sempre imprimimos nossa límpida vontade a nossos atos

Por Jean Lauand


Em memorável conferência sobre Aristóteles, o filósofo espanhol Julián Marías afirmou:
“Poucos leem filosofia, mas todos vivemos e todos usamos uma língua que é aristotélica em uma altíssima proporção. Gente que não sabe nem quem era Aristóteles, que não conhece seu nome (e certamente não sabe nem uma palavra de grego), emprega justamente o vocabulário e o sistema conceitual de Aristóteles o tempo todo. Nesse sentido, a fecundidade aristotélica é extraordinária”.
Entre tantos outros conceitos, por exemplo, quando no Google encontramos mais de 12 milhões para a busca conjunta das palavras “teoria” e “prática” ou quando as peças de publicidade da Pirelli ou da Unip falam em potência (“Potência não é nada sem controle”; “Transforme seu potencial em sucesso profissional”) é a Aristóteles que se devem pagar os royalties.
Matéria completa da revista Língua Portuguesa aqui.

A terra é nossa

"Avô, mesmo que a gente morra, é melhor morrer de repetição na mão, brigando com o coronel, que morrer em cima da terra, debaixo de relho, sem reagir. Mesmo que seja pra morrer nós deve dividir essas terras, tomar elas para gente. Mesmo que seja um dia só que a gente tenha elas, paga a pena de morrer."
Jorge Amado, in Os Subterrâneos da Liberdade: Agonia da Noite

Atributos da linguagem

“O verdadeiro e o falso são atributos da linguagem, não das coisas. E onde não há linguagem, não há verdade nem falsidade.”
Thomas Hobbes

Poema da gare de Astopovo

O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na gare de Astopovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo,
Contra uma parede nua...
Sentou-se... e sorriu amargamente
Pensando que
Em toda a sua vida
Apenas restava de seu a Glória,
Esse irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas coloridas
Nas mãos esclerosadas de um caduco!
E então a Morte,
Ao vê-lo tão sozinho àquela hora,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A Morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega pontualmente na hora incerta...)
Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho,
E quem sabe se até não morreu feliz: ele fugiu...
Ele fugiu de casa...
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade...
Não são todos os que realizam os velhos sonhos da infância!
Mário Quintana

Abraço

Google imagens

“E quando você menos espera, um abraço te surpreende com poder de cura.”
Cícero

A volta de Jesus

           “Se Jesus Cristo chegasse hoje até nós, as pessoas nem pensariam em crucificá-lo. Iriam convidá-lo para jantar, ouvir o que ele tivesse a dizer, e zombariam dele.”
Thomas Carlyle

Doodle de hoje: homenagem a Henri de Toulouse-Lautrec*

150º Aniversário de Henri de Toulouse-Lautrec

*Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa ( Albi, 24 de novembro de 1864 — Saint-André-du-Bois, 09 de setembro de 1901) foi um pintor pós-impressionista e litógrafo frâncês, conhecido por pintar a vida boêmia de Paris do final do século XIX. Sendo ele mesmo um boêmio, faleceu precocemente aos 36 anos de sífilis e alcoolismo. Trabalhou por menos de vinte anos mas deixou um legado artístico importantíssimo, tanto no que se refere à qualidade e quantidade de suas obras, como também no que se refere à popularização e comercialização da arte. Toulouse-Lautrec revolucionou o design gráfico dos cartazes publicitários, ajudando a definir o estilo que seria posteriormente conhecido como Art Nouveau. Filho mais velho do Conde Toulouse-Lautrec-Monfa, de quem deveria herdar o título, falecendo antes do pai.
Biografia e obras aqui.