quinta-feira, 4 de julho de 2013

Sonetos de Meditação - XIII

E se a última noite do mundo fosse agora?
Marca em meu coração, ó Alma, o ponto em que
A imagem de Jesus na cruz se fixa, e vê
Se o seu semblante, ali, por ventura, a apavora;
Lágrimas em seus olhos apagam toda a luz,
O sangue enche seus cílios, vindo da testa em chagas.
Pode essa língua dar-te, Alma, às infernais pragas,
Se disse aos inimigos: “Eu vos perdoo”, na cruz?
Não, Não! Mas como em minha idolatria
Disse às minhas amantes: - A beleza
É sinal de piedade, e de rudeza
É sinal o que é feio – assim podia
Dizer-te: Os maus espíritos têm formas horrorosas,
E esta forma, tão bela, tem ideias piedosas.
John Donne – Tradução de Afonso Felix de Sousa

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