terça-feira, 9 de julho de 2013

Adeus tardes fagueiras à sombra das laranjeiras de Casemiro de Abreu

Alcimaco Azambuja, dono de muito boi e muito voto em Pirapora, tendo de resolver umas coisas e loisas com o governo, rebocou Zizinho Pinto para terras e mares do Rio de Janeiro. E, na porta do Palácio do Catete, que naqueles dias comandava a vida do Brasil, falou para o compadre Zizinho:
— Vou ver uns papéis que estão entalados nas gavetas do governo. Venha comigo.
Zizinho recusou:
— Compadre, careço de competência para pisar chão tão mimoso. Vou quedar do lado de fora, assuntando compadre.
O compadre sumiu pela larga porta de entrada enquanto Zizinho, instalado num bom cigarro de palha, ficava vendo aquele entrar e sair de gente em formato de formiga de correição. Alcimaco, depois de desencravar seus papéis, voltou e quis saber a opinião de Zizinho Pinto:
— Compadre, gostou do Catete? Coisa assim não tem em Pirapora.
E Zizinho de Pirapora:
— Eta, compadre, lugarzinho bom de especial para um varejo, para um comercinho de cachaça e rapadura!
E  mais não disse nem lhe foi perguntado.
José Cândido de Carvalho, in Se eu morrer, telefone para o céu

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